Capítulo 6 - Notícias inesperadas

 Decidi voar por Port Promise, que é o distrito onde vivo. Muitas vezes está vazio por aqui. 

Lembro que estava nevando quando cheguei aqui pela primeira vez. Me falaram que já foi um porto comercial bastante movimentado. A empresa está parada por causa de processos. Eu soube que estavam jogando produtos químicos no mar. 

No entanto eu gosto de vir aqui quando me sinto assim. Eu meio que estou sem sentido de vida. Me sinto um nada longe da minha mãe e da minha irmã. Porém ficou impossível estar com elas. 

É como se tudo ficasse meio cinza. 

Mais algumas voltas, não posso enferrujar no voo. Só não esperava vê-la.

Era minha irmã! Como ela me achou? 

—  Sayuri? —  Perguntei. 

Nos abraçamos antes de qualquer coisa. 

—  Você não devia estar aqui —  Falei —  Eu achei que não tivesse deixado rastros. 

Então ela chorou, isso fez meu coração doer.

—  Hiro —  Começou ela com a voz embargada —  Não sabe como fiquei preocupada? Andei voando por várias cidades vizinhas, finalmente te vi hoje! Não é comum cabelos prateados como o seu. 

—  Você sabe porque tive que sair... Mas como a mamãe está? — Perguntei — E você? 

—  Olha muita coisa aconteceu nesses meses que você ficou fora —  Explicou Sayuri —  Não fique nervoso...

—  É que a mamãe está grávida... — Completou ela.

—  O que!? — Exclamei e perdi a cabeça —  Mas foi ele que insistiu não foi? Sério isso? Eu saio e é isso que ele faz, quer tentar me substituir já em vez de consertar as coisas? 

—  Você sabe como é difícil entender os pais... —  Respondeu ela —  Mas a questão é que você vai ter um irmão ou irmã. Não acha que deveria voltar?

—  Eu não posso Sayuri — Expliquei —  É pior comigo lá, lembra como a mamãe ficava estressada e com medo? Eram muitos duelos... E com ela grávida é melhor evitar essa tensão. 

—  Eu sinto que não tenho muitas escolhas —  Tentei explicar— E é estranho, eu preciso pensar sobre o que é ter mais um irmão... 

Sempre me sinto descontrolado quando falo dele, mas eu tentei manter o controle.

De repente Sayuri também ficou nervosa:

—  Eu só queria que tudo que ficasse em paz. Eu sinto sua falta Hiro, você é meu irmão caçula e eu me preocupo. É difícil ver o pai agindo como se você não existisse. Porém também era ruim ver o que ele fazia com você. Fora que ele anda muito quieto e a mamãe preocupada com você. 

—  Eu sei me cuidar Sayuri, sou esperto você sabe —  Argumentei —  Não precisa se preocupar, só cuide da mamãe por mim e não diga onde estou. Vai ser um caos se ele descobrir. 

Sayuri franziu os lábios pensativa, mas respondeu:

—  Hiro, eu sei que foi ruim o que ele fez com você e ainda te ver com essa carinha.... Não vou contar, mas virei algumas vezes para checar se está bem.  A mamãe também precisa saber como você está, ela sempre me pergunta quando volto das vezes que vou te procurar.... De qualquer forma tentarei fazer o possível para ajudar na gestação do nosso novo irmão.  Além disso, você também tem que pensar se vai deixar mesmo de participar do torneio mágico.  Ainda falta um ano, mas é importante para todo mago. 

Respirei fundo e respondi:

—  Obrigado Sayuri, sabia que podia contar com você. Mas seja discreta quando vier. Sobre o torneiro é algo que preciso pensar... Obrigado por se preocupar, sabe que te amo não é?

Depois de nos despedirmos, eu fui em direção a minha casa. 

Eu sei que não devemos odiar nossos parentes, mas eu o odeio. Não sei o que ele tem na cabeça. Será que foi ideia dele ter um bebê? Para mim é muita coincidência terem um novo filho agora que eu fui embora. E minha mãe acaba sendo convencida. Só sei que não vou deixar ele fazer o mesmo que fez comigo a esse bebê.