Capítulo 20 - Conversa com Hongjo

Nos últimos dias pensei muito sobre o que eu deveria fazer...

Devo participar do torneio mesmo sabendo que meu pai quer isso? 

Não quero fazer o que meu pai quer... 

Mas eu também quero participar do torneiro. Também quero me provar.

Quando eu vi os pedidos das pessoas no quadro, fiquei ainda mais pensativo, um deles dizia:

"Meu maior desejo é ser feliz ao lado das pessoas que amo" 

Não quero ficar sozinho sempre... Em casa acabei conversando com Hongjo, isso que acontece quando se sente sozinho:

— Hongjo... O que acha que devo fazer? Será que se eu for ao torneio tudo voltará a ser como antes? Meu pai vai dizer que fui por causa dele e se eu ganhar ele vai dizer que foi por causa do treino dele...

— Mas todos os filhos dos outros magos vão participar, perderei essa chance de me consagrar um grande mestre por causa do meu pai? Talvez eu só deva ser um pintor mesmo...

— E se eu participar, estarei estressando minha mãe? 

Hongjo ficou me encarando e isso me deixou mais aflito:

— É acho que não posso exigir respostas de um gato... Mas obrigado. 

Decidi relaxar um pouco, quem sabe eu penso em alguma solução.

No dia seguinte fui para as termas quentes.

Lá acabei encontrando o Matsu. Eu estava tão preocupado e sozinho que acabei contando algumas coisas para ele...

— Eu ando meio estressado Matsu... É que tem uma competição que eu quero muito ir. Mas meu pai me treinou a vida toda para isso de um jeito muito rígido que fez mal até para minha mãe. Meu pai se tornou obstinado com isso... Se eu for a competição significa que ele está certo em tudo que fez, que eu venci por causa do treino dele... Eu estarei realizando o sonho dele...

—Então não sei o que fazer... 

Matsu fez várias expressões, mas depois seu olhar ficou calmo quando me disse:

— Hiro, não é mais o sonho dele, é seu sonho. Se é o que você quer, deve seguir seu desejo, quanto ao seu pai, se você vencer, não será por causa dele. Ele te treinou, mas quem fez os treinos foi você. É sua habilidade, não dele. Deixe isso claro para ele, que está indo competir por você mesmo, não pela obstinação dele.  

Talvez o Matsu tenha razão... 

— Minhas habilidades? — Repeti surpreso.

Meu pai me tratou como se fosse tudo sobre ele, que nunca pensei dessa forma. Eu sacrifiquei minha infância praticamente para agora desistir? Foi minha infância perdida, não do meu pai. Acho que o Matsu tem razão. 

Só não posso morar com minha mãe agora, se eu ficar longe, o problema não deve chegar até ela.